13 junho 2008

6º Encontro/Convívio dos Naturais e Amigos das Mós

O 6º ENCONTRO/CONVÍVIO DOS NATURAIS E AMIGOS DAS MÓS

Como fora previamente anunciado, o evento de 8 de Junho de 2008 teve lugar no aprazível Parque de Merendas de Mogofores, Anadia (na famosa região da Bairrada). E apesar dos problemas conjunturais e da greve parcial dos maquinistas da CP, terão comparecido cerca de 190 convivas, que aqui foram progressivamente chegando: uns de comboio, outros em viaturas próprias e os originários das Mós em dois mini-autocarros, sendo que um deles fora cedido pelo Município.
Quando chegámos, por volta das 11 horas, já os abnegados promotores do evento, divididos em “grupos de trabalho”, afanosamente tratavam dos preparos necessários ao êxito deste Encontro, para o tornarem digno dos que o precederam.
No espaço fronteiro ao palco erguido no largo principal, o “grupo” que se ocupava na “decoração e cultura”, sob a batuta do Amigo Carlos Pedro, depois de ter deixado exposto na mesa da Associação cadernos de textos e de fotos, procurava enfeitar o espaço, afixando em estruturas de madeira outros textos e ampliadas fotografias, relativas a algumas das mais características casas das Mós, mostrando-nos, mais uma vez, um primoroso exemplo da arte de tratar imagens através de meios informáticos. Também Aristides Fernandes viria a contribuir para a decoração do recinto, oferecendo a miniatura duma azenha e do espaço adjacente, representando uma imaginada réplica da que terá existido no Douro, no sítio do Pigarro e que, segundo a tradição, seria conhecida por “Azenha do Rio” ou “do Abade”.
No palco, outro Amigo, o “pivot” José Alberto e o seu incansável cunhado, Sr. Luís Cerdeira, montavam e afinavam a aparelhagem sonora, permitindo que ouvíssemos música instrumental portuguesa.
Na referida mesa mantinha-se o tesoureiro Aires José, não só para receber os valores das quotizações, mas também os relativos às promoções de “recuerdos” e de alguns dos oferecidos exemplares do último livro do saudoso Dr. Castelinho: “O Antigo Concelho de Freixo de Numão”.
Só nos apercebemos das canseirosas tarefas do “grupo da culinária”, quando nos deliciávamos com o vinho fino que nos foi servido como aperitivo e que, tal como o tinto que beberíamos depois, era da melhor qualidade, ou não fossem ambos produzidos pelo Amigo Luís Alberto Polido que, como sempre, para além de “fornecedor”, funcionava também como “chefe” desta numerosa “equipa”, constituída por delicadas senhoras e por outros voluntários, abrangendo generosos bairradinos e vários mosenses, alguns deles membros da Associação e da Junta de Freguesia, incluindo o seu abnegado Presidente. Todos muito empenhados na preparação da refeição festiva que viria a ser servida abundantemente nas mesas dispersas pelo amplo recinto, graças à notável disponibilidade de muitos dos referidos voluntários.
Pelas 15 horas e 30, o Amigo José Alberto deu início à singela mas significativa homenagem a título póstumo ao Dr. Joaquim Castelinho. Depois de ter enunciado alguns exemplos reveladores do bairrismo do homenageado, coube ao Amigo António Diogo, presidente da Associação, o grato ensejo de entregar à viúva, D. Maria Assunção, uma placa recordativa desta homenagem.
Em nome da distinta família do homenageado ali presente, usou da palavra seu cunhado, o Senhor Augusto Martins Pinheiro, que depois de algumas palavras de agradecimento, pôs em evidência o acrisolado amor do Dr. Castelinho à sua terra natal, lembrando algumas das virtudes cívicas e sentimentais que sempre emolduraram o seu bairrismo e a sua constante preocupação em estabelecer laços de amizade e de colaboração com entidades de terras vizinhas.
Depois, na qualidade de amigo, falou o autor desta prosa, que disse: “A partir do 4º Encontro, a briosa Associação de Cultura e Recreio “As Mós” passou a promover o ensejo de prestar tributo a personalidades notáveis, a pessoas que se distinguiram por benefícios ou por serviços prestados à nossa comunidade. Chegada a altura de homenagear, mais uma vez e a título póstumo, o Dr. Joaquim Augusto Castelinho, recordo que este ilustre mosense foi pioneiro na meritória atitude de nos fazer lembrar a todos o dever de gratidão para com aqueles que mais contribuíram para o progresso e o engrandecimento da nossa aldeia: em Setembro de 1976, promoveu a homenagem póstuma ao grande pedagogo que foi o professor José António Saraiva; dois anos depois, o preito de gratidão foi para ao maior benemérito da história das Mós, António Augusto de Oliveira Mendes.
Muito para além destas meritórias iniciativas, desenvolveu outras actividades destinadas a enaltecer a terra onde nasceu. Quem leu a Monografia e outros escritos que nos legou, sabe o muito que ele fez pela recuperação da memória histórica das Mós. Deixou estimulantes exemplos de bairrismo, não só para os que com ele conviveram, mas também para as gerações seguintes, aqui tão significativamente representadas.
Apesar da sua debilitada saúde, foram notáveis, também, o seu empenho e a sua capacidade de mobilizar vontades e de angariar meios materiais para o engrandecimento patrimonial duma parcela da nossa freguesia. Refiro-me, concretamente, aos denodados esforços que desenvolveu em prol da regeneração do lugar de Freixo – Mós, de que resultaram: a possível reconstituição da capela de Santo António do Torrão; a electrificação do referido lugar e, ainda, a exequível rectificação do alterado nome da estação, conseguindo, depois de porfiados esforços, que lhe fosse aposto o nome da nossa povoação.
Quem com ele conviveu, pode testemunhar a sua natural bondade; conheceu alguém que semeava afectos, porque era dotado duma grande sensibilidade. Sempre que dialogávamos, ouvi palavras de encorajamento e de estímulo, o que foi muito proveitoso para mim. Considero um grande privilégio ter usufruído da sua amizade, porque o Dr. Castelinho era um homem bom, respeitador das ideias dos outros, alguém que só utilizava palavras brandas e suaves para todos os que com ele falavam.
É por tudo isto e por aquilo que fica por dizer, que verificamos que apesar de ter partido há muito, ele continua presente entre nós. E ao afirmarmos que ele está presente, Dona Maria Assunção, minha respeitável Senhora, queremos deixar perceber que o seu bondoso marido não está morto, porque a morte definitiva de alguém só acontece quando é esquecido de todo e por todos. Este é o castigo dos egoístas. Mas como foi generoso e bom, o Dr. Joaquim Castelinho estará sempre presente, porque continuamente será lembrado por todos nós.”
A terminar este dia festivo, tivemos o apetecido ensejo de ouvirmos o sensibilizante cantar de Carlos Pedro. Tocando viola ou o adufe para acompanhar a sua voz bem timbrada, ouvimos (deliciados) trovas e cantigas tradicionais portuguesas. Mas influenciado e depois “substituído” pelo bairradino Senhor Abílio Quintas, viria a tornar-se “cúmplice” no desfiar do rol de cantigas dignas de figurarem no reportório do Quim Barreiros, para gáudio da generalidade dos presentes.
Porém, o momento culminante deste espectáculo aconteceu quando todos cantámos em uníssono o Hino das Mós (com letra e música de Carlos Pedro). De tal modo que, quando entoávamos os versos: - “Das Mós! / Somos das Mós!...” – Vi pessoas emocionadas, com os olhos marejados de lágrimas!
Para além das vertidas por pessoas enternecidas pela força apelativa dos versos, muitas outras seriam lágrimas de gente já saudosa por verem terminadas as horas do salutar convívio, mais uma vez devido ao modelar associativismo, saudavelmente mantido pelos elementos que compõem a Junta de Freguesia e a Associação de Cultura e Recreio “As Mós”.
Bem – hajam todos!

Texto de José Gomes Quadrado e imagens de Carlos Pedro

Comments:
Para quando o próximo?
Já estou com saudades.
 
É de facto impressionante o poder de mobilização das gentes das Mós.
Parabéns
 
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