16 novembro 2009

O Tradicional Convívio Amistoso dos Mosenses

A gente das Mós sempre primou por um relacionamento amistoso, manifestado (quase sempre) na boa vizinhança e na camaradagem propícia à realização de eventos. Na base desta confraternidade está a índole alegre de mocidades de sucessivas gerações, pois a alegria esteve sempre presente em todos os folguedos realizados na povoação. Mesmo durante os cerca de 15 anos (1933 a 1948) em que se manteve a interdição da realização de arraiais, a juventude de então, inconformada com tamanha austeridade, acabou por encontrar alternativas, juntando a outros divertimentos tradicionais, bailes realizados em recintos fechados, em número jamais visto nas Mós.
A partir de 1948, a realização da festa anual em honra de Nossa Senhora da Soledade voltou a realizar-se nos moldes tradicionais, ou seja, com o incomparável arraial mosense, que passou a ter lugar não só a espaços da tarde do terceiro domingo de Setembro, mas também na segunda-feira seguinte. A programação do domingo foi quase sempre idêntica às verificadas na generalidade das festas tradicionais de vilas e aldeias do norte do País. Mas poucas vezes se terá visto “fim de festa” tão empolgante como o das Mós. Refiro-me, evidentemente, à “última volta ao Povo”, a expressão máxima do carácter folgazão da nossa gente, e que até há poucos anos tinha lugar ao cair da tarde de segunda-feira, consistindo na formação dum enorme cordão humano: gente dos diversos extractos sociais e grupos etários, de mãos dadas, integrando os músicos mais entusiasmados, que durava até à partida das filarmónicas. E chegado o momento da despedida, havia sempre músicos que acenavam para a multidão, gritando:
- Adeus gente alegre das Mós!
Além da festa anual, havia folguedos tradicionais, alguns deles referidos na Monografia Histórica de autoria do meu saudoso amigo Dr. Castelinho: a fogueira do Natal no Largo do Terreiro; as brincadeiras do Carnaval, altura em que nunca deixavam de “deitar as pulhas”; o “Serrar a Velha” por alturas da Quaresma, etc. Mas não podem deixar ser recordadas as “Ruadas”, os decantares que aconteciam nas noites mais luarentas, integrando muitos acompanhantes que percorriam, lentamente, as principais ruas da povoação.
Mas o carácter sociável da gente das Mós manifestou-se na sua plenitude durante os 11 anos (1961-1972) em que paróquia esteve a cargo do Padre Armando Ribeiro. Com a sua jovialidade e grande capacidade de mobilizar vontades, soube como nenhum outro pároco tirar partido da referida natureza da comunidade, assumindo, simultaneamente, o papel de activante e de participante e assim, facilmente, conseguiu atrair e agregar a rapaziada mosense e com ela fundar um clube de futebol designado “Grupo Desportivo de Mós”, que se apresentava em campo devidamente equipada. E a congregação de ânimos e de esforços foi tal, que acabariam por construir um recinto propício à prática deste desporto: o “Campo da Portela”!
Também os mais adultos deram provas de elevado espírito de cooperação, mormente o conjunto de homens que formaram a “Comissão Paroquial”, destinada a angariar fundos, tendo em vista o enriquecimento e conservação do património paroquial, através da efectivação de obras como: a construção da residência paroquial, a restauração da capela de Santa Bárbara e da igreja matriz, a renovação da capela de Santo António, etc., etc.
Residentes e ausentes cooperaram também com o Padre Armando na feitura e distribuição do “CAMINHEIRO”, uma folha mensal com notícias locais e algumas crónicas. Tendo o seu 1º número saído em.19 de Setembro de 1971, continuou a publicar-se até Maio de 1975, isto é, conseguimos mantê-lo durante 3 anos depois da deslocação para Paris do seu fundador. Quem se lembra agora do singelo CAMINHEIRO?
Todo este entusiasmo foi esmorecendo porque no decorrer deste ciclo a povoação foi perdendo, gradualmente, cerca de 30% da sua população residente, uma “sangria” demográfica devida à saída de emigrantes e dos rapazes mobilizados para as guerras coloniais.
Na segunda metade dos anos 70, verificou-se o retorno de “africanistas” e o regresso de alguns daqueles jovens da vida militar, e com este revigoramento demográfico a vida e o progresso da povoação foram-se robustecendo também. Nesse período foram levados a cabo importantes melhoramentos urbanos, que se ficaram a dever, sobretudo, à acção desenvolvida pela Junta de Freguesia, presidida por Joaquim do Nascimento Moutinho (um homem e uma obra raramente recordados).
Mas também este progresso intermitente seria de curta duração, porque outro movimento migratório voltaria a verificar-se e com ele o progressivo minguar de gente nova e o consequente envelhecimento da população residente. E devido a estes fenómenos demográficos a vida social nas Mós foi esmorecendo e a Festa anual foi definhando, passando a ser aceite a incerteza da sua realização.
Foi para sair deste marasmo social que surgiu a luminosa ideia de fundar a Associação de Cultura e Recreio “As Mós”, uma instituição destinada a congregar todos os mosenses de boa vontade, independentemente da cor política de cada um. E os objectivos que justificaram a sua criação têm sido plenamente alcançados, pois residentes e outros aderentes têm vindo a usufruir de acontecimentos repletos de situações de confraternização, de recreio e divertimento como jamais se tinham vivido nas Mós.
Se todos nos mantivermos unidos, ela assim continuará por muitos e bons anos!
José Gomes Quadrado
(Fotos gentilmente cedidas por Luís António Sequeira)

Comments:
para

memória

futura


[das Mós
e de nós]






*um bem haja
a José Gomes Quadrado
e ao Carlos Pedro*
 
Com a perseverança, dedicação e amor pela terra e pelas suas gentes, a Associação, os sítios criados na net, os seus criadores e colaboradores, todos os mosenses e amigos das Mós continuarão unidos por muitos e bons anos.

Um abraço de estima e consideração ao Sr. José Gomes Quadrado.
 
Um obrigada a quem não esquece os seus antepassados e as suas gentes.
Um ano depois de eu ter nascido,no Barreiro mas registada nas Mós, ali está(na foto) o meu pai com a sua guitarra, o meu avô. o primo Amadeu e o meu tio Xico.
Bem hajam...
 
Olá amigos, é sempre bom rever amigos de outrora e sentir que os de agora também gostam de recordar tempos mais antigos. Foi pena não saber antecipadamente do vosso convívio: Nem sempre poderei estar, mas uma vez por outra, talvez.
Agora, outra coisa, quando quiserdes contactar-me por e-mail fazei-o para: ardurius@gmail.com É o meu pessoal.
Um abraço amigo para vós todos. P.e Armando
 
Obrigado pela fotografia da ronda dos lugar eu sou filha do Senhore julio Augusto Filipe aquele Senhor com a guitara e moro em Italia.
Eu chamo-me Cristina e g agradeço a pessoa que meteu esta fotografia se tivessem outras poderiam meter-las depois tantos anos que nao vou as Mos faz prazer. Beijinhos
 
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