17 março 2007

As Mós no Desfile Etnográfico

As Mós no Desfile Etnográfico

Realizou-se no passado dia 11 de Março, em Vila Nova de Foz Côa, o Desfile Etnográfico -Alegórico da Festa da Amendoeira em Flor e dos Patrimónios Mundiais 2007 – XXVI edição.

A comunidade mosense esteve representada, uma vez mais, pela Associação de Cultura e Recreio “As Mós" que apresentou como temas: "O Sumagre” e “Laranja das Mós”.

“Outrora abundante na Terra Quente de todo o Alto Douro (…) o sumagre, depois de seco nas eiras, era malhado com manguais e moído na atafona, e o pó assim obtido era vendido para ser utilizado na medicina, nas industrias da tinturaria e dos curtumes (...) neste segmento do Douro havia muitos sumagrais, constituindo um ramo de exploração agro-comercial muito importante”… Esta informação, de José Gomes Quadrado, faz parte do artigo O Sumagre na Festa da Amendoeira (já publicado neste blog) e que, durante a passagem do carro das Mós, era distribuído pelo José Grifo e pelo Carlos Correia aos populares que enchiam por completo as ruas de Vila Nova de Foz Côa.

No palco da alegoria, o Ti Adriano Passeira e o António Moutinho faziam a respectiva “malhação” do sumagre, enquanto a Dª Olinda, vezeira nestas lides, ajuntava os ramos batidos que se espalhavam pelo vigor da pancada dos malhadores. (O Ti Adriano ensinara-me, no dia anterior, que o mangual divide-se em três: haste, onde se pega; fato, meio de ligação; e pítago, com que se malha. O António confidenciou-me que já há quarenta anos não utilizava um instrumento daqueles… não se notou).

Carregado nas Mós com venda nos olhos por causa do entontecimento, o “Janeco”, um burro com pelo na venta, único animal a desfilar com albarda e engarelas, era guiado pelo Zézito Passeira e transportava no lombo a Laranja das Mós. Apetecivelmente doces, as laranjas, iam sendo distribuídas ao longo do desfile para que a hora tivesse a doçura proporcional ao calor do dia. Ah! se o “Janeco” falasse!…

Desta vez não faltou dentro do carro a água ao Luís Polido, mas, na volta do castelo, o sol pregou-lhe a partida ao esconder a esquina da casa. – Não foi nada!.. disse ele. O carro seguiu viagem com a cobertura inteirinha a dar razão à qualidade da cola do Acácio Barandas. No fim, houve tempo para se cumprimentarem amigos (maiores que o pensamento) que a paixão pelas Mós juntou um dia.

Outros compromissos fizeram com que nos ausentássemos sem partilhar a merenda. Porém, partimos com a certeza que ela se faria com aquele entusiasmo com que a Associação coloca em todas as suas organizações.
Para trás ficavam horas de trabalho, de convívio e amizade, condimentadas com a memória de um tempo que nos ajuda a compreender o futuro.

Comments:
Foi sem dúvida, uma das atracções do dia. Parabéns ao Janeco pelo seu comportamento e ao Zé Paseira pela sua colaboração.
Ah!... O Janeco era o Burro.
Já agora, não esquecer o dia 7 de Abril! Como é que vai a criação de espantalhos.
 
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