01 junho 2010

Casinhas de Xisto (Mário Anacleto)

Chego de longe da aldeia de onde parti criança,
arregalando os olhos grandes e tão afoitos por aí fora,
de onde ficaram donzelas esquecidas no tempo
e têm agora a cor das casinhas dos bisavós de outrora

Venho de onde o verde se dá com a passarada
e o campo santo tem o tamanhinho do terreiro da vida!
Guardando as almas e as pombas em revoada
intercede e reza Santa Bárbara, no alto da sua ermida!

Ai pedras de xisto que escorreis ao Douro
esta seiva com que se amassa a vida e se turba a voz!
Viveis suspensas com o rigor dos elementos,
finais prensadas como azeitona nos gemidos dessas mós!

Venho alagado em lágrimas de saudade,
de um céu que me cobriu, cravejado de estrelas sem igual
e onde os montes adormeceram gigantes.
Venho do sítio ermo onde há o céu mais lindo de Portugal!

Mário Anacleto

Comments:
O Prof. Mário Anacleto visitou as Mós pela 1.ª vez no passado fim-de-semana!
 
... apesar de ter visitado as Mós pela 1ª vez, conseguiu senti-la com alma de quem sente verdadeiramente a natureza e a beleza impar desta linda aldeia. Sentiu-a e consegue transmiti-lo duma forma fantástica!...
Parabéns Professor, pela sua sensibilidade e por ser capaz de apreciar o encanto das Mós.
O seu poema é lindo. Muito lindo.
Obrigado.
 
LINDO! Um poema lindíssimo. Tal e qual de quem tem alma desta terra.
Ou quem tem sensibilidade para assim a sentir.
De facto, o céu é diferente, as estrelas....tudo é diferente, e mais belo.
Um abraço para as Mós
 
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