13 junho 2007

5º Encontro/Convívio dos Naturais e Amigos das Mós

O 5º ENCONTRO/CONVÍVIO DOS NATURAIS E AMIGOS DAS MÓS

Este evento, também apropriadamente designado “O Reencontro”, teve lugar no muito amplo recinto anexo ao edifício dos Missionários da Consolata no Alto da Maia – Ermezinde, o mesmo local onde já se realizara o 1º Encontro/Convívio, em 14 de Junho de 2003.

Antes da chegada do autocarro que transportava os residentes nas Mós, alguns dos restantes participantes foram progressivamente chegando e tiveram o ensejo de constatar quão canseirosa é a preparação dum evento como este. Instalada a aparelhagem sonora, o amigo José Alberto procurava afanosamente preparar e decorar alguns dos espaços mais relevantes. E no que concerne a esta decoração (e não só) foi decisiva a colaboração do grande Amigo das Mós Carlos Pedro, que viria a proceder à montagem, numa estrutura de madeira, da exposição de 22 quadros com fotografias muito ampliadas e retocadas com mestria, relativas a alguns dos sítios e das casas mais característicos da nossa povoação. Um primoroso exemplo da sua arte de tratar imagens através de meios informáticos!
Devo informar, a quem não sabe, que estes lindíssimos quadros estão destinados a ornamentar as paredes do “salão de festas” da nossa Junta de Freguesia. Mas prossigamos com a reportagem.
Num recanto do vasto recinto funcionava o “artista” na arte de cozinhar, o amigo Luís Alberto Polido, coadjuvado pelos restantes membros da Junta de Freguesia e pelo próprio presidente da Associação. Todos preparavam a refeição festiva, com excepção do já referido José Alberto e do “vizinho” Aires José que, como sempre, desempenhava a função de recebedor.
É curioso este modelar associativismo! Na realização destes eventos não conta a posição hierárquica dos elementos organizadores: cada um trabalha de acordo com os seus “saberes”. Ali, os presidentes trabalham como ajudantes de cozinha, desempenhando as mais variadas tarefas, servindo de exemplo aos voluntários de sempre, entre os quais são de referir algumas dedicadas senhoras. Tal como noutros eventos, estivemos aqui perante uma exemplar amostra duma comunidade horizontal. Até nisto os dirigentes mosenses são diferentes!
Depois da chegada do autocarro proveniente das Mós, a vastidão da área disponível contribuiu para uma extraordinária dispersão dos convivas, de tal modo que ninguém diria que estavam presentes mais de duzentos e cinquenta pessoas, um número considerável de participantes, apesar deste ser o sétimo evento levado a cabo pela nossa prestimosa Associação em menos de 4 meses. Antes e durante a refeição festiva, formaram-se dezenas de grupos de gente com maiores afinidades, para conviverem mais estreitamente durante aquela tarde.
Comeram-se fresquíssimas sardinhas exemplarmente assadas, alheiras trazidas de Mirandela pelo Eng.º Carlos Correia, fêveras e carne de porco assado no espeto, acompanhados pelo delicioso vinho fornecido pela "adega" do amigo Luis Alberto Polido. Os abstémios e os mais doentes tinham à sua disposição sumos e outras inofensivas bebidas. E como não podia deixar de ser, eram “comes e bebes” à discrição dos comensais, sem restrições.
Chegado o intervalo maior do repasto, o “locutor de serviço”, o amigo José Alberto, convidou os presentes a deslocarem-se ao coreto existente na parte inferior do recinto, para poderem apreciar as três peças que Aristides Fernandes ali apresentou: a “Casa da Avó”, a “Atafona” e a nova miniatura representando a “Procissão de Nossa Senhora da Soledade”. Em seguida, anunciou a prevista homenagem a este miniaturista, durante a qual se cantou com fervor o hino “Somos das Mós”, com letra e música de Carlos Pedro. A prova do agradecimento culminaria com a entrega, pelas mãos do distinto médico mosense Dr. Luís Tomé, de uma placa emoldurada e com os seguintes dizeres: “Tributo da Associação de Cultura e Recreio “As Mós”, ao artesão Aristides dos Santos Fernandes / 2 de Junho de 2007”.
O homenageado, com palavras simples, manifestou não só a sua gratidão mas também o seu acrisolado amor a tudo o que está relacionado com o passado e com o presente das Mós.
Primo carnal e indefectível amigo de sempre, o Aristides conhecia as singelas quadras adiante transcritas que eu mantinha guardadas no fundo duma gaveta há 55 anos, apesar dele, repetidamente, me sugerir que as trouxesse a púbico. Querendo associar-me, ainda que modestamente, à homenagem que lhe estava a ser prestada, anunciei que ia fazer-lhe a surpresa de as divulgar, para o que pedi ao meu prezadíssimo Amigo Carlos Pedro que emprestasse alguma importância aos singelos versos, recitando-os com a sua voz sonora. E ele, generoso como sempre, empenhadamente recitou:

O ADEUS ÀS MÓS
Em Abril de 1952

Adeus ó Cimo do Povo
Do Castelo sem ameia;
Adeus ó Ninho do Corvo,
Adeus ó Cabo D`Aldeia.


Adeus Olmo do Terreiro,
Do pendão tão celebrado;

Adeus Fonte do Barreiro,
Adeus hortas do Colado.


Adeus Atalho, uma encosta,
Agora tão habitada;
Adeus ladeira da Costa,
Adeus Alto da Selada.


Adeus ó Fundo do Povo,
Santo António, pregador;
Adeus ó Pombal novo,
Adeus, adeus Salvador.


Disse adeus a quase tudo,
Despedi-me a cantar.
Mas de minha avó não pude
Despedir-me sem chorar!


Adeus Portela altaneira,
As costas te vou virando;
A saída é agora,
O regresso não sei quando!


Adeus Joaquim, meu amigo,
Amigo do coração;
Vou chegando ao Moninho,
A caminho da Estação...


Adeus Mós, eu vou embora,
Não sei quando voltarei,
Mas por onde quer que eu ande,
Nunca mais te esquecerei!


Quadras ditas de forma tão sensibilizante como a que empregou ao cantar a trova seguinte. Depois, com a sua voz bem timbrada, cantou canções tradicionais e até uma cantiga brejeira de sua autoria... Quem diria!
Mais significativa do que esta, é a reportagem fotográfica realizada por este Amigo das Mós. Portanto, eu sugiro aos meus pacientes leitores que consultem o “site” dasmos.blogspot.com, até porque “uma boa imagem vale por mil palavras”.
Obrigado Amigo, por tudo o que tem vindo a fazer por nós e pela nossa povoação!
Para recordar ficaram também os instantes de convívio com amigos e parentes, recordando não só os nossos maiores mas também alguns acontecimentos de tempos passados. Em todos nós, os ausentes, era evidente um sentimento comum: uma afectuosa saudade pelos aspectos singulares da paisagem natural do termo das Mós e da região onde está inserida. Em suma: foram inesquecíveis momentos em que parentes e amigos saudosos se reencontraram, para relembrarem os que partiram e os sítios onde passaram os dias ledos dos verdes anos. Eventos como este têm o condão de provocarem nos ausentes uma indefinível renovação de forças físicas e anímicas.

José Gomes Quadrado


Comments:
Com tanta dedicação, paixão e tudo o mais com relação às Mós, quer vertida nos textos escritos pelo José quadrado, quer pelos trabalhos mais diversos realizados pelo Carlos Pedro. Sem dúvida, sinto-me pequeno perante vós e curvo-me perante tamanha paixão pela Mós que vos vai da cabeça aos pés e atravessa o coração
 
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