23 setembro 2006

A Festa das Mós

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"(...) O terceiro domingo de Setembro é portanto o grande dia da gente das Mós. Estejam onde estiverem, esse dia não é esquecido, e quer em presença fisica quer espiritualmente todos os seus naturais comungam na devoção a Nossa Senhora da Soledade, tendo bem presente o dia da festa da sua aldeia" (...)
"A alegria espelha-se nos rostos, todos se aprontam para esses dois dias festivos; recebe-se a familia que chega; as visitas e convidados surgem aos magotes quer por estrada quer por caminho de ferro, e de quando em quando estrondeia um foguete electrizando as almas impacientes do grande dia! " (...)
"Na frente o grande estandarte de Santo António, pesadão, e na cauda a Rainha da Festa, Mãe de Deus, Nossa Senhora da Soledade na sua barca navegando lentamente aos ombros de seus fiéis súbditos, magestosa e linda, de uma beleza sem par, irradiando simpatia e protecção aos numerosos devotos, que, rendidos a tamanha fascinação, vão oferecendo as suas preces misturando avé-marias com lágrimas de amor filial.
Finalmente no couce da procissão, o pálio, debaixo do qual preside o senhor Abade, a banda da música e povo, muito povo, ora orando ora entoando cânticos apropriados." (...)
"A procissão termina no Terreiro pela encantadora cerimónia de fazer entrar na igreja o andor da Padroeira em primeiro lugar, para o que todos os outros andores esperam alinhados, numa manifestação de cortesia e deferência pela Rainha do Céu e da Festa." (...)
"... logo após a recolha da imagem de Santo António à sua capela acompanhado processionalmente pelo povo, e já no regresso do Fundo do Povo, inicia-se o arraial (...) em que novos e velhos, ricos e pobres dançam sem distinção de classes mas dentro do maior respeito e decência." (...)
"A festa termina com o grande momento, a sensação principal que é a Volta. É um número do programa iniciado não há muitos anos mas que já tem foros de tradição (...) tem características próprias, um tom especial de marcha triunfal, cortejo de heróicos folgazões que se despedem em beleza das suas festas.
Dado o sinal a Volta pôe-se em marcha; a banda escolhe uma peça em voga e segue no meio daquele frenesim dançante; a principio muito compostinha, depois toda esfrangalhada pois a alegria é tão contagiante que já não são os músicos que tocam, dançam; que já não é o povo que dança, toca; e não raro se vê o próprio mestre dançando naquele rodopio de dançarinos e bailarinas, que ora cantando ora bailando tecem um grandioso hino de louvor às suas festas que, como sempre, decorreram com a maior devoção, respeito e brilhantismo, (...) à boa maneira das Mós."
(de: Joaquim A. Castelinho - 1978, in "Monografia Histórica de Mós do Douro" )

Comments:
Não sei porquê, mas tive a sensação de ter ficado com vontade de dançar na volta ao povo.
Talvez fosse só impressão minha).Mesmo assim foi giro.
E o mais importante mesmo foi ter havido Festa!
Viva as Mós!
 
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