17 junho 2006
Postais das Mós (XV e XVI)
(Continuação)
"Aproximou-se e viu, no meio do ajuntamento, uma delas com a mão e o antebraço direitos metidos numa talha de barro, debruçada sobre ela uma outra mulher, de serra em punho, preparando-se para lhe serrar o antebraço. Com destreza, agarrou da mão que segurava a serra, e perguntou:
- Então, o que se passa?
- Ó homem! Então não está à vista de toda a gente esta grande desgraça? A infeliz a mão na talha para tirar uma manadinha de azeitonas e, por mais força que faça, não há meio de a tirar dali p'ra fora. Por isso, não há outro remédio senão serrar-lhe o braço...
Assim que isto ouviu. o nosso homem deu um safanão no braço da mulher que, com o estremeção e a dor, acabou por abrir a mão, deixando cair as azeitonas. Foi fácil, depois, tirá-la de dentro da talha. As outras, quando viram aquele "milagre", desataram a gritar:
- É bento! O homem é bento!..."
(continua)
(J.G.Quadrado)